Prémio «Ética no Desporto» 2022

Luís Miguel Marta, professor de Educação Física

03/02/2023

O Instituto Português do Desporto e Juventude, através do Plano Nacional de Ética no Desporto (PNED), atribuiu o Prémio «Ética no Desporto» 2022 a Luís Miguel Marta, professor de Educação Física no Agrupamento de Escolas Carlos Amarante – Braga e diretor técnico de desporto adaptado no Sporting Clube de Braga, clube, no qual (e noutros por onde passou), nomeadamente, na Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral de Braga, desenvolve o que mais gosta de fazer: ajudar pessoas portadoras de deficiência a praticar desporto.

Ao longo da sua carreira tem desenvolvido um trabalho de bastante mérito, na defesa de valores e da ética. Dedicou-se à causa da inclusão de pessoas com deficiência, sempre na perspetiva da sua autonomia. Como diretor técnico, por vezes, faz questão de não acompanhar as comitivas afirmando deste modo a sua autonomia. Grande parte da sua atividade tem sido feita em regime de voluntariado, dedicando o seu tempo, trabalho, esforço e competência fundamentalmente às pessoas com deficiência, sacrificando muitas vezes a sua vida familiar. Sempre pautou o seu agir por um comportamento correto, exemplar e ético, tornando-se uma referência nacional para o desporto adaptado.

Este prémio distingue, anualmente e desde há 11 anos, personalidades, instituições ou projetos que promovem a ética e os valores no desporto e foi entregue ao laureado na Gala da Confederação do Desporto de Portugal, que se realizou no passado dia 1 de fevereiro.

O PNED falou com o Professor Luís Marta sobre o significado desta distinção:

O Luís Marta como se apresenta?

Alguém que só pretende fazer o que deve ser feito, procurando ser um ator do seu tempo e da sociedade em que se insere, onde for útil de forma real.

O que significa para si a ética desportiva? E como a vive?

Penso que a ética deve ser vivida, exercida e defendida. 

Para mim, é algo que não deve ser indissociável do nosso dia-a-dia, seja em que contexto for, por isso ser vivida de forma natural. 

Frequentemente, há que estimular a reflexão e a discussão, algo que surge na minha ação profissional como professor, treinador e dirigente. Em pequenos detalhes ou nas grandes conquistas, há que procurar o sentido do bem-estar pessoal no respeito pelo bem-comum. É um exercício que se torna quase constante, e nos coloca à prova, a procura do equilíbrio entre o resultado e o processo da sua obtenção, e o alcance pessoal e social que daí advém.

Não raras vezes, senti que há necessidade, também, de defender os princípios éticos nas mais variadas situações. Aqui, a necessidade de atuar, de não calar quando é necessário. Porque a ética, no meu ver, não deve fugir à luta quando é chamada para atuar ou quando temos de tomar a iniciativa para a preservar.

Esta distinção surpreendeu-o?

Sim, sem dúvida. Estamos habituados que nos olhem pelo prisma dos resultados, por conquistas, por aquilo que faz brilhar o atleta, o Clube, a Nação. Não nos apercebemos que nos olham de outra maneira que assim não seja. Fazemos o que a consciência nos dita, não procurando aprovação ou encómios.

A surpresa surge porque só então entendemos que algo fez despertar um olhar diferenciado sobre a nossa ação e postura, e porque há um entendimento de que fomos impactantes, que surtimos algo de positivo para os outros, muito mais que os resultados desportivos.

Como vê a vivência da ética e dos valores no desporto? Quer regular ou adaptado.

Vejo-os de igual forma, sem distinção. A vivência da ética e dos valores do desporto não encontram fronteiras entre grupos de atores. Devem ser vividos, experienciados e defendidos de igual modo, sem protecionismo desregulado, sem carinho que não seja idêntico ao devido aos demais, e sem posturas meramente caritativas para com o grupo de praticantes do dito desporto adaptado. A prática desportiva, seja ela qual for, deve atender à dignidade do papel que individualmente, e em grupo, queremos ter; ao respeito pela luta que empreendemos para nos superarmos e valorizarmos o esforço do outro; e à valorização maior do benefício social da nossa vivência em prol duma melhor sociedade que se deve construir todos os dias.

Atualizado em: 03/02/2023

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